Na quinta-feira 3, enquanto Abilio Diniz, presidente do Pão de Açúcar sobrevoava Salvador, em seu jato Falcon, o piloto recebeu uma ordem de retornar com urgência a São Paulo. A viagem a Paris, sede da rede francesa Casino, parceira do grupo varejista, teria de ser adiada. Horas antes vazara para o mercado uma informação valiosa: a união do Pão de Açúcar com a Casas Bahia. O negócio vinha sendo costurado desde agosto entre Abilio e Michael Klein, presidente da Casas Bahia, e seria anunciado apenas na segunda-feira 7. Por conta da boataria, os dois concordaram que seria melhor antecipar o aviso oficial para a sexta-feira 4.
A negociação ocorreu nos últimos quatro meses em segredo absoluto. Apenas dez pessoas sabiam o que estava acontecendo. Elas ficaram até a madrugada da sexta-feira 4 no oitavo andar do escritório dos consultores da Estáter, em São Paulo. Abílio e Michael assinaram um “acordo de associação” para a fusão. A última assinatura aconteceu às 5h30 da manhã de sexta-feira. Os dois não dormiram, mas o cansaço não superou o entusiasmo pela concretização de um dos negócios mais impressionantes da história do capitalismo brasileiro, rivalizando em importância com a associação entre a Brahma e Antarctica ou entre Itaú e Unibanco. “É um negócio de ganha, ganha, ganha. Ninguém perde”, disse Abílio. “Vamos criar uma grande companhia”, emenda Michael.